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Exposição “Paul Klee – Equilíbrio Instável” no CCBB-SP

Imperdível a exposição em cartaz no CCBB de São Paulo sobre a obra de Paul Klee (1879-1940), pintor suíço de ascendência alemã, considerado um dos precursores da abstração na arte europeia. “Paul Klee – Equilíbrio Instável” é a primeira mostra dessa grandeza sobre esse artista que acontece no Brasil, com 123 obras entre pinturas, gravuras, desenhos e instrumentos de trabalho, enriquecidas por informações biográficas e técnicas.

O historiador da arte Giulio Carlo Argan compara o processo criativo de Klee ao de um cientista que, com um meio técnico como o microscópio, torna visíveis os micro-organismos que sabemos que existem mas, de outra forma, não poderiam ser vistos. O artista, então, torna visíveis os “micro-organismos” que povoam as regiões profundas da memória inconsciente e que passam a existir para o mundo apenas no momento em que são revelados.

Essa ideia se expressa na frase mais famosa de Klee: “a arte não reproduz o que é visível, mas torna visível”. O artista, então, faz uso da própria sensibilidade e dos próprios sentidos para apreender os impulsos que vêm tanto da natureza quanto da profundidade do próprio ser, para transformá-los em imagens sobre um suporte. Assim, sua busca por técnicas artísticas variadas, como é o caso de Klee e pode ser visto na mostra, vem da necessidade de oferecer as imagens/formas/signos mais adequadas para ilustrar esse fenômeno. Esse processo faz do desenho uma base fundamental da obra de Klee, ao mesmo tempo em que ele se revela profundamente devoto à cor.

Por que ver essa exposição?

Há pouquíssimas obras de Klee no Brasil. Em coleções públicas, a única obra de Klee é A Santa da luz interior (1921), uma litografia que pertence ao acervo do MAC USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo).

Logo, é a oportunidade de ver ao vivo muitas obras-primas do artista, que pertencem à coleção do Zentrum Paul Klee, a instituição que cuida da proteção e promoção da sua obra, e que fica em Berna, na Suíça. Sem falar, é claro (e isso vale para qualquer pintor), que a experiência de ver a obra ao vivo significa poder ter um contato físico muito próximo com a materialidade da obra (veja dicas abaixo).

Embora tenha inspirado muitos grandes mestres (do expressionismo alemão, do dadaísmo, do surrealismo), e tenha sido inspirado por outros (principalmente pelo cubismo de Pablo Picasso, o fauvismo de Robert Delaunay), a sua obra é, de fato, única na história da arte. Klee é um artista complexo, sua obra é cheia de nuances das quais a própria exposição do CCBB não poderia dar conta, já que pretende ser mais uma primeira apresentação mais completa do artista. Museus europeus podem se dar ao luxo de montar exposições que desmembrem mais a obra de artistas como Klee, como a mostra em cartaz até 3 de março de 2019 no MUDEC de Milão. Por isso, uma exposição como essa era muito esperada e, também, muito necessária.

Dicas para visitação

  • Preste atenção na materialidade da obra: o que foi usado? Qual é material do suporte? Veja que tipos de tinta são mais densos ou mais translúcidos. Que efeitos o suporte causa na imagem?
  • Percorra a obra. Uma das melhores formas de fruir algumas obras de Klee é seguir com os olhos – ou com o dedo no ar mesmo – as linhas que compõem suas imagens. Muitas delas são formadas por uma ou duas linhas contínuas. Outras se formam de poucas linhas soltas que se completam no nosso olhar.
  • Observe como ele alterna linhas finas e grossas nos contornos das figuras. Observe como ele aplica a cor em espaços circunscritos, às vezes para definir uma figura estilizada, às vezes para diferenciar a figura do fundo.

Quer saber mais?

"Paul Klee - Equilíbrio Instável"
13 de fevereiro a 29 de abril de 2019
Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo
Quarta a segunda, 9h às 21h
Entrada gratuita

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