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Exposição “Anna Bella Geiger: Brasil Nativo/Brasil Alienígena”, no MASP

Ótima oportunidade de conhecer e apreciar de perto a obra de Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, 1933), artista que explora a linguagem artística para provocar reflexões e fazer crítica social e política.

Atuante desde os anos 1950, Geiger participou da primeira exposição de arte abstrata no Brasil, em 1953, mas sua obra passa por uma infinidade de técnicas, o que torna a visita ainda mais interessante porque dá a dimensão da gama de possibilidades expressivas do fazer artístico.

A exposição está dividida em 7 núcleos: Autorretratos, Viscerais, Mapas e geografias, Sobre a arte, Cadernos, História do Brasil e Macios e Noturnos.

Em Autorretratos, por exemplo, a artista usa a própria imagem para criar poéticas sobre a passagem do tempo, ou para fazer crítica social e ambiental. Observe como ela representa a si mesma de formas diferentes para criar as suas composições. Nelas, nenhum elemento é por acaso, a favela, o tamanduá, o uniforme militar, são todas imagens portadoras de significados que vão além do que vemos na obra.

Um recurso muito presente na sua obra são mapas, que são instrumentos para a compreensão do espaço e da atuação do ser humano nele, representando aspectos sociais, históricos, econômicos e políticos. Como toda representação, quem faz o mapa projeta nele a própria perspectiva e os próprios interesses. Os mapas da Anna Bella Geiger querem subverter essa ordem e ajudam a refletir sobre as relações de subordinação entre o norte e o sul, entre Estados Unidos sobre a América Latina, sobre questões de dominação cultural, econômica e política.

Se nos mapas ela parte do ser para o mundo, na série Visceral ela parte do ser e se volta para dentro dele, em representações de partes internas do corpo humano. Como fica claro na exposição, Geiger tinha um forte viés de crítica social e política e essa série foi feita nos primeiros anos da ditadura militar, um período marcado por manifestações e violência nas ruas, em que os corpos eram o principal alvo da repressão.

Nas obras de Macios e Noturnos, ela usou telas elípticas e acolchoadas para criar composições que mesclam figurativo e abstrato, retomando elementos de outras obras suas. Convido a observar essas obras e prestar atenção às formas que ela escolheu e ver a que algumas delas podem remeter.

Além disso, no SESC Avenida Paulista foram montadas 3 instalações da artista especialmente para complementar a exposição do MASP: Circumambulatio (1972), Mesa, friso e vídeo macios (1981) e Indiferenciados (2001), e também 3 vídeos: Passagens 1 (1974), Passagens 2 (1974) e Telefone sem fio (1976).

Esta exposição dá a dimensão de uma artista plural, que usou uma ampla variedade de técnicas para se expressar e que sempre esteve atenta e ativa diante dos graves problemas sociais e políticos graves por que passava – e ainda passa – o nosso país.

Anna Bella Geiger: Brasil Nativo/Brasil Alienígena
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Av. Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo
29/11/2019 a 1/3/2020
Terça: 10h-20h (Bilheteria aberta até 19h30 – entrada gratuita)
Quarta a domingo: 10h-18h (Bilheteria aberta até 17h30)
Segunda: fechado

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