A exposição da artista portuguesa Leonor Antunes (Lisboa, 1973) no mezanino do MASP, mais do que uma mostra de arte, é uma experiência visual, sensorial e arquitetônica.
Primeiro porque ela cria seus projetos artísticos pensando na interação da peça com o ambiente, o que significa que o primeiro dado com o qual você vai se relacionar é o espaço da exposição. Isso, somado aos tipos de materiais que ela usa – industriais e orgânicos – evidenciam as relações dessas obras não só com a arquitetura, mas também com o design e a escultura.
Assim como o ambiente, os objetos também são compostos de cheios e vazios, e materiais rígidos e flexíveis, alguns espessos, outros são de material tão sutil que requerem um olhar atento para enxergá-los. Mas são todos materiais que conhecemos, de móveis, peças de decoração de ambientes, de projetos arquitetônicos, o que pode trazer uma sensação de familiaridade e mitigar o estranhamento que algumas peças podem causar a uma mente que costuma procurar explicações lógicas ou significado em toda obra.
O contato do observador com esses objetos, com suas formas e sua conexão com o ambiente, com a luz, com as instalações e com os outros objetos e outros observadores formam um conjunto de relações ora simultâneas ora parciais. A dica principal para essa visita é, portanto, estar aberto para essas relações com as formas, permitir-se divertir com elas e levar um pouco dessa sensibilidade para a vida, para os objetos e espaços de uso cotidiano.
Um ponto muito importante da mostra da Leonor Antunes é que muitas das suas referências são outras artistas mulheres, algumas esquecidas pela narrativa tradicional da História da Arte. Na exposição do MASP, no edifício projetado por Lina Bo Bardi, a referência à arquiteta italiana, no uso do espaço, em nomes de obras e o próprio nome da exposição é o que faz dela uma experiência singular.
Repare também no piso, uma composição de formas geométricas inspirada numa obra de Lygia Clark, e na grelha de madeira no teto, referência à casa de Clara Porset na Cidade do México. De fato, naquele espaço não há nada de casual, o que não significa que todos os objetos presentes sejam obras, caso das luminárias instaladas no espaço da exposição.
Mas… será que um objeto de design não é também uma obra de arte? Visite a exposição e me diga o que você acha.
Exposição “Leonor Antunes: vazios, intervalos e juntas“
Mezanino do MASP
Até 12 de abril de 2020.
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Av. Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo
Terça: 10h-20h (Bilheteria aberta até 19h30)
Quarta a domingo: 10h-18h (Bilheteria aberta até 17h30)
Segunda: fechado
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