História da arte: para que serve?
Vídeo

História da Arte: para que serve?

Afinal, qual é a utilidade, para a sociedade, de ter esse monte de gente pesquisando, investigando, estudando a História da Arte. Não tem assuntos mais importantes, mais urgentes, mais necessários? Faz sentido investir em milhares de pesquisas desse assunto?

Na minha imaginação tem dois perfis de pessoas que estão lendo este texto. Um é aquele curioso para saber a resposta para a pergunta-título, ou porque nunca pensou nisso, ou porque realmente não entende a relevância. O outro é aquele que vai dizer “mas que pergunta! Não precisa ter utilidade, mas é claro que é importante! Porque… porque… porque é arte!”

Então vamos falar sério aqui, para que serve a pesquisa em geral?

A pesquisa é uma parte fundamental do processo de construção de conhecimento, sobre qualquer assunto. Nestes nossos tempos, está mais do que evidente o quanto é fundamental a pesquisa científica do campo das vacinas, por exemplo. Talvez a maioria pense também nas pesquisas da medicina, nas pesquisas tecnológicas…

Tudo à nossa volta foi fruto de algum estudo em algum nível, de alguma forma. E quando a gente fala em pesquisa, tende a pensar naquelas que impactam diretamente na nossa vida.

As pesquisas nas Ciências Humanas já são mais complexas para delimitar um impacto direto. Muitas vezes estudos sociais, antropológicos, históricos, penetram na sociedade por vários caminhos, às vezes dispersos, às vezes com resultados de longo prazo, de forma que se torna mais difícil perceber o impacto.

E onde entra a História da Arte? Bom, a História da Arte é um campo das ciências humanas que estuda a produção de imagens pelo ser humano. É por isso que o estudo da História da Arte começa lá com as pinturas rupestres, quando alguém representou um animal da natureza na parede de uma caverna… quando as pessoas começaram a representar o mundo à sua volta.

Desde lá, das pinturas rupestres, as pessoas e os grupos foram desenvolvendo diferentes formas de representação, e essas formas de representação registram as próprias visões de mundo. Assim como passaram a explorar diferentes materiais e criar novas formas de usar esses materiais, nos mais variados suportes, tanto bidimensionais – a pintura, o desenho – quanto tridimensionais – em objetos e esculturas. E no decorrer da História, a criação dessas imagens veio de necessidades muito diferentes.

Assim, estudar essas imagens possibilitou, a outros campos de estudo como a História, a Arqueologia, a Antropologia, conhecer melhor essas sociedades, essas culturas. E consequentemente, a elaborar teorias sobre essas pessoas, sobre suas visões de mundo.

O conhecimento sobre os povos antigos contribuiu também para, além desses que eu já citei, para campos de estudo do nosso tempo, como a psicanálise, a sociologia, a psicologia.

As obras de arte e objetos arqueológicos se tornaram documentos que complementam outras fontes históricas. Os poucos documentos textuais que sobreviveram sobre a Grécia antiga, por exemplo, os poemas, os espetáculos teatrais e outros registros, junto com as obras de arte, foi o que contribuiu pro que se sabe sobre aquelas civilizações e culturas.

E isso não só em tempos mais longínquos! As imagens produzidas desde aqueles tempos remotos até o surgimento da fotografia no século 19 são os únicos registros visuais do mundo. Então os retratos dos bustos de imperadores romanos, todos os retratos durante os séculos, de monarcas, embaixadores, papas, e dos próprios artistas, as paisagens brasileiras representadas pelos pintores holandeses no século 17, as cenas de cerimônias como coroações de imperadores, até o surgimento da fotografia e depois do cinema, a produção artística de pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, foi nossa única fonte visual para conhecer o passado.

E a História da Arte investiga tudo isso: quem criou essas imagens? por quê? quem encomendou? quem pagou? como o artista aprendeu? quais eram as regras, os cânones para criar as imagens naquele momento? Tinham regras? Com que objetivo foi criada essa imagem? Que teorias estavam em voga naquele momento? O que se sabia sobre o mundo? Quem eram os grupos dominantes que influenciavam essa produção? Como o artista via o próprio trabalho? Que outros artistas ele admirava, que outros autores, pensadores?

Vocês veem que é uma série de perguntas que vêm para compreender o fazer artístico em si, as escolhas feitas pelo artista para criar a obra de arte.

Com a arte moderna, as vanguardas, em particular a abstração, quando o artista se descola da representação do mundo e se volta definitivamente para a obra de arte em si, outras questões se colocam para quem quiser entender, em particular os historiadores da arte.

E depois, com o dadaísmo e ainda outros movimentos de ruptura, a produção de Arte se expandiu de tal forma que a própria História da Arte também teve que se adaptar e encontrar novas metodologias para estudar o fazer artístico.

Se a gente pensar que o ser humano é capaz de imaginar alguma coisa, algo que está só no mental, e transforma isso em algo real, que outras pessoas podem ver, interagir, e que aquilo pode provocar, transformar, causar algum efeito ou reação no outro, ou ainda que essa pessoa enxergue no mundo algo que só ela vê e ela transforma isso numa representação visual que outros podem ver, é algo de extraordinário!

E extraordinário é isso, né? É aquilo que sai do ordinário, do medíocre, do comum, do de sempre. E é assim que eu vejo a Arte.

Vá lá no nosso canal do YouTube e se inscreva!

Você também pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *